Descrição
As filosofias se condensam em enunciados mínimos e autônomos, dotados de propriedades formais que lhes conferem um aspecto notável, assinaturas doutrinárias (“Conhece-te a ti mesmo”, “A existência precede a essência”) ou enunciados de alcance universal (“Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, “O homem é o lobo do homem”). Essas fórmulas filosóficas emblemáticas circulam entre as grandes obras e são recontextualizadas em textos segundos (doxografias, manuais, dicionários). Elas se inscrevem nos usos essenciais à atividade discursiva: memorização, transmissão, ensino, comentário, contribuindo fortemente para tecer o interdiscurso filosófico. No interior de uma doutrina, as fórmulas concentram os esquemas especulativos, permitindo a identificação e o desdobramento, e, às vezes, nas formas breves ou nos gêneros formulaicos, constituem o modo privilegiado de sua exposição.
Frédéric Cossutta e Francine Cicurel comparam as fórmulas filosóficas a provérbios, sentenças e aforismos, propondo pistas para compreender sua elaboração e sua natureza, relacionando suas características formais, retóricas ou estilísticas a seu valor filosófico. Graças ao estudo de casos diversos (Epicuro, Descartes, Hegel, Feuerbach, Marx, Nietzsche, Wittgenstein, Lévinas, Merleau-Ponty, Foucault, Derrida), questionam o papel de uma escritura formulaica em filosofia.
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