Descrição
Tomadas como conteúdos autônomos, como respostas prontas para situações em que o discurso é colocado à prova, democracia e literatura acabam muitas vezes por dar forma até mesmo às nossas perguntas, estabelecendo a pauta do discurso exatamente no lugar onde este deveria mostrar-se mais exigente e questionador. Evocar as margens da democracia, no contexto de uma reflexão sobre a literatura, é também um modo de destacar os dispositivos que sustentam essas noções e, portanto, de problematizar o uso que delas é feito no discurso crítico, retirando-as de sua mera instrumentalização como objeto (literatura) ou como contexto (democracia). Trata-se de questionar algo que poderia ser descrito como um uso piedoso das palavras democracia e literatura. Mais do que repetir suas promessas de plenitude ou do que tratá-las como meros resíduos humanistas, cabe explicitar o fato de que continuam faltando a si mesmas.
Marcos Siscar em seu trabalho recente relaciona a poesia moderna e contemporânea. É tradutor de Tristan Corbière, Michel Deguy e Jacques Roubaud e tem livros de poesia ou de crítica traduzidos na França, Argentina e Espanha.
Marcos Natali atualmente estuda a relação entre literatura e sofrimento.