Permitam-me uma reminiscência. Em minha infância, vivida no Rio de Janeiro, ouvi várias vezes, de gente adulta e sisuda, que o jogo do bicho era a atividade mais honesta que havia na cidade. Lá, dizia-se, quem acerta ganha o que lhe é devido, sem apelação. Mas aquela gente sisuda também dizia, para perplexidade do menino, que o jogo era ilegal, às vezes dava polícia. Precisei esperar muitos anos para ler Leis da sorte e entender a complexidade da história que aqueles diálogos arranhavam. Chazkel explora a “ilegalidade ambivalente” desse tipo de loteria, mostra que a história acontece no vão criado pela lei que não se cumpre nem se deixa de cumprir. Tal ambivalência institui o espaço de flexibilidade ou arbítrio no qual se movem as autoridades policiais e judiciárias e faculta aos populares os meneios e astúcias que garantem o seu lugar na “vida pública urbana”. (Sidney Chalhoub).
Amy Chazkel, doutora em história pela Yale University, publicou em 2011 Laws of Chance – Brazil’s Clandestine Lottery and the Making of Urban Public Life, que ganhou prêmio de melhor livro pela Law and Society Association e pelo New England Council on Latin American Studies, e menção honrosa, na categoria de melhor livro sobre o Brasil, pela Associação de Estudos Brasileiros.
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